sexta-feira, 11 de janeiro de 2008

Padre Antônio Vieira, o amor e o tempo...

Danado esse Vieira: cumé que um padre poderia entender tão bem o amor??? É o que ele faz no seu fantástico "Sermão do Mandato", em que disserta sobre o amor cristão e, de tabela, sobre o amor humano, demasiadamente humano...

Tudo cura o tempo, tudo faz esquecer, tudo gasta, tudo digere, tudo acaba. Atreve-se o tempo a colunas de mármore, quanto mais a corações de cera! São as afeições como as vidas, que não há mais certo sinal de haverem de durar pouco, que terem durado muito. São como as linhas, que partem do centro da circunferência, que quanto mais continuadas, tanto menos unidas. Por isso os Antigos sabiamente pintaram o amor menino; porque não há amor tão robusto que chegue a ser velho. De todos os instrumentos que lhe armou a natureza, o desarma o tempo. Afrouxa-lhe o arco, com que já não atira; embota-lhe as setas, com que já não fere; abre-lhe os olhos, com que vê o que não via, e foge. A razão natural de toda essa diferença, é porque o tempo tira a novidade das coisas, descobre-lhe os defeitos, enfastia-lhe o gosto e bastam serem usadas para não serem as mesmas. Gasta-se o ferro com o uso, quanto mais o amor! O mesmo amar é causa de não amar, e o ter amado muito, de amar menos.

6 comentários:

Unknown disse...

Oi Samuel, sou Claudia, professora tbm.Gostei muito de reler meu poema ou sermao favorito no seu blog..amo essas palavras do padre Antonio Vieira,elas me tocam profundamente, e confesso a vc q tbm nao sorrio sempre, nem sou a mais extrovertida,mas nem por isso menos feliz ou importante aos olhos do universo.

Srtª. Renata Ramos disse...

Olá! Me chamo Renata, Procurei por este poema pelo google e encontrei vc, estou fazendo meu blog e adivinha qual texto escolhi para postar primeiro?
Pois é, isso mesmo acabei copiando do seu blog.
Bom, se quiser me ad no msn meu endereço é renataramos31@yahoo.com.br.
Bjinhus.

Srtª. Renata Ramos disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Unknown disse...

Samuel,imagino me as vezes ,da onde esse Pe,tirou tanta espiracao/pq cada vez que me pego lendo esse poema,acabo descubrindo algo novo,tenho a impressao que e a primeira vez....Rodolph(Arabia Saudita)

Unknown disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
JAIRO SANTOS CABRAL disse...

Eu tive um grande Professor no Ginásio, em Taguatinga, Brasília, DF, que nos apresentou este Sermão da Quinta Dominga do Pe Antônio Vieira, no qual este pequeno trecho é apenas uma fração. Eu me apaixonei pelo texto e se de cor até hoje, com 67 anos de idade!!! O Sermão inteiro é muito lindo, e muito profundo em Teologia, retórica, homilética, tudo.
Jairo Santos Cabral