segunda-feira, 21 de janeiro de 2008

Paradidáticos

Nesse último sábado, li uma resenha de Michel Laub sobre o relançamento do livro "Contos da Selva" (1918), do uruguaio Horacio Quiroga (1878-1937), anunciado como "infanto-juvenil". No primeiro parágrafo, ele diz:

A ficção infanto-juvenil costuma ser avaliada com certa condescendência, mais comprometida com a formação do cidadão que com a do leitor.
Não é difícil perceber os resultados desse paternalismo: histórias politicamente corretas, com temas que tentam aproximar a literatura da "realidade cotidiana" ou despertar a consciência para a diversidade social, étnica e religiosa do mundo, freqüentemente ganham elogios e adoções em escolas na mesma medida em que sua estética insossa é ignorada.

Trata-se de livros que chamamos paradidáticos. E são péssimos. Antes o professor quer que seus alunos leiam tais obras para ter consciência sobre sexualidade (hitorinhas sobre AIDS, namoro, gravidez), cidadania ou coisa que o valha. É claro que certo grau consciência é bem-vindo, mas, quando esse é o fim último da obra, muito do seu valor se perde. Não há lirismo nesses livros, preocupação com a linguagem ou com a fabulação. Duvido que provoquem o encantamento e dispertem a avidez literária que um Julio Verne, um Alexandre Dumas, um Michael Ende, uma J. K. Rowling podem provocar. São livros fininhos, desinteressantes e... vazios.



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