quinta-feira, 10 de janeiro de 2008

Ano-Novo

ANO-NOVO

Meia-noite. Fim
de um ano, início
de outro. Olho o céu:
nenhum indício.

Olho o céu:
o abismo vence o
olhar. O mesmo
espantoso silêncio
da Via-Láctea feito
um ectoplasma
sobre a minha cabeça
nada ali indica
que um ano novo começa.

E não começa
nem no céu nem no chão
do planeta:
começa no coração.

Começa como a esperança
de vida melhor
que entre os astros
não se escuta
nem se vê
nem pode haver:
que isso é coisa de homem
esse bicho
estelar
que sonha
(e luta).

Tropecei nesse poema do Ferreira Gullar ao dar umas aulas sobre os livros selecionados pela Unifal. Gostei qdo ele classifica os homens como "bicho estelar". Certa vez, lendo "O mundo assombrado pelos demônios", do Carl Sagan, li que, à execeção do hidrogênio, todos os átmos que compõem cada um de nós - o ferro no sangue, o cálcio nos ossos, o carbono no cérebro - foram fabricados em estrelas gigantes vermelhas a milhares de anos-luz no espaço e a bilhões de anos no tempo. Sim, nós somos feitos de estrelas...

Nenhum comentário: