terça-feira, 25 de maio de 2010

sábado, 22 de maio de 2010

Ler sempre

Uma escola de Itapetininga, cidade a 172 km de São Paulo, foi eleita a melhor do estado da 1ª à 4ª série do ensino fundamental, segundo o jornal Folha de S. Paulo. A receita? Estímulo à leitura, trabalho em equipe e, sobretudo, envolvimento dos pais. De acordo com a mãe de um dos alunos da escola estadual Professor Astor Vasques Lopes, que atende alunos de média e baixa renda, seu filho passou a escrever melhor depois que se mudou para lá há dois anos. Entre os projetos e atividades que garantem o bom desempenho dos alunos, estão o Leitura em Família - que incentiva a leitura e o envolvimento dos pais - e o Roda da Leitura - que estimula as crianças a ler e a escrever, entre outras iniciativas.

quarta-feira, 19 de maio de 2010

8 Regras Para Escrever Uma História Curta

Kurt Vonnegut foi um dos principais e mais influentes escritores da segunda metade do século XX. Descendente de alemães, Vonnegut foi à Segunda Guerra como soldado norte-americano. Mantido como prisioneiro durante o ataque aliado à Dresden (o maior bombardeio/massacre da história a uma cidade europeia, matando mais de 250.000 alemães), sobreviveu apenas porque estava em um frigorífico subterrâneo chamado Slaughterhouse-Five Sua experiência na guerra foi fundamental para determinar as principais características da sua obra. Crítico mordaz de alguns valores inerentes à sociedade norte-americana, Vonnegut faleceu em 2007, deixando mais de 30 livros e peças. Sua obra-prima, Matadouro 5 (Slaughterhouse-Five) conta a história do bombardeio à Dresden, misturado a um pouco de ficção-científica. É considerara por muitos um dos melhores livros de ficção sobre a Segunda Guerra Mundial.
Em seu livro Bagombo Snuff Box: Uncollected Short Fiction, Vonnegut lista suas oito regras para escrever uma história curta. Leia com atenção e anote bem na sua memória, se o homem disse, não tem erro. Use o tempo de um completo estranho de tal maneira que ele ou ela não sinta que o tempo foi desperdiçado.

- Dê ao leitor ao menos um personagem pelo qual ele pode simpatizar.
- Todo personagem deve desejar algo, mesmo que seja apenas um copo de água. 
- Toda sentença deve fazer uma ou duas coisas: revelar o personagem ou avançar na história. 
- Sempre que possível, comece sua história pelo ponto mais próximo do seu final. 
- Seja sádico. Não importa quão simpáticos e inocentes sejam seus personagens principais, faça coisas terríveis acontecer com eles para que o leitor perceba do que eles são feitos. 
- Escreva para agradar apenas uma pessoa. Se você abrir uma janela e fizer amor com o mundo, assim dizendo, sua história vai pegar uma pneumonia. 
- Dê aos seus leitores o máximo de informação o mais cedo possível. Que se dane o suspense. Leitores devem ter um entendimento tão completo do que está acontecendo, onde e porque, para poder finalizar a história por eles próprios, as baratas devem comer as últimas páginas.

      quarta-feira, 12 de maio de 2010

      Quem me conhece sabe que sempre tive aversão à ideologia construtivista que permeia o ensino brasileiro. Agora, leio reportagem da Veja sobre o assunto:

      "Mais de 60% das escolas públicas e particulares no Brasil se identificam como adeptas do construtivismo. Sendo assim, parece óbvio que seis de cada dez crianças brasileiras estão sendo educadas com base em uma doutrina didática cuja natureza, objetivos e lógica devem ser de amplo conhecimento de diretores, professores e pais. Correto? Errado. Uma pesquisa conduzida pela Universidade Estadual Paulista (Unesp) desvenda um cenário obscuro. Em plena era da internet, os conceitos do construtivismo parecem ter chegado ao Brasil via as ondas curtas de 49 metros de propagação troposférica, com suas falhas e chiados. Ninguém sabe ao certo como o construtivismo funciona, muito menos saberia listar as razões pelas quais ele foi adotado ou deve ser defendido. Ele é definido erradamente como um 'método de ensino'. O construtivismo não é um método. É uma teoria sobre o aprendizado infantil posta de pé nos anos 20 do século passado pelo psicólogo suíço Jean Piaget. A teoria do suíço deu credibilidade à concepção segundo a qual a construção do conhecimento pelas crianças é um processo diretamente relacionado à sua experiência no mundo real. Ponto. A aplicação prática feita nas escolas brasileiras tem apenas o mesmo nome da teoria de Piaget. O construtivismo tornou-se uma interpretação livre de um conceito originalmente racional e coerente. Ele adquiriu várias facetas no Brasil. Unifica-as o primado da realidade da criança sobre os conceitos básicos das disciplinas tradicionais. Traduzindo e caricaturando: como não faz frio suficiente na Amazônia para congelar os rios, um aluno daquela região pode jamais aprender os mecanismos físicos que produzem esse estado da água apenas por ele não fazer parte de sua realidade. Isso está mais longe de Piaget do que Madonna da castidade.
      A experiência mostra que as interpretações livres do construtivismo podem ser desastrosas – especialmente quando a escola adota suas versões mais radicais. Nelas, as metas de aprendizado são simplesmente abolidas. O doutor em educação João Batista Oliveira explica: 'O construtivismo pode se tornar sinônimo de ausência de parâmetros para a educação, deixando o professor sem norte e o aluno à mercê de suas próprias conjecturas'. Por preguiça ou desconhecimento, essas abordagens radicais da teoria de Piaget são a negação de tudo o que trouxe a humanidade ao atual estágio de desenvolvimento tecnológico, científico e médico. Sua ampla aceitação no passado teria impedido a maioria das descobertas científicas, como a assepsia, a anestesia, as grandes cirurgias ou o voo do mais pesado que o ar. Sir Isaac Newton (1643-1727), que escreveu as equações das leis naturais, dizia que suas conquistas só haviam sido possíveis porque ele enxergava o mundo 'do ombro dos gigantes' que o precederam. O conhecimento que nos trouxe até aqui é cumulativo, meritocrático, metódico, organizado em currículos que fornecem um mapa e um plano de voo para o jovem aprendiz. Jogar a responsabilidade de como aprender sobre os ombros do aprendiz não é estúpido. É cruel.
      Em um país como o Brasil, onde as carências educacionais são agudas, em especial a má formação dos professores, a existência de um método rigoroso, de uma liturgia de ensino na sala de aula, é quase obrigatória. A origem latina da palavra professor deveria ser um guia para todo o processo de aprendizado. O professor é alguém que professa, proclama, atesta e transmite o conhecimento adquirido por ele em uma arte ou ciência. Nada mais longe da realidade brasileira, em que menos da metade dos professores é formada nas disciplinas que ensina. À luz das versões tropicais do construtivismo, essa deficiência é até uma vantagem, pois, afinal, cabe aos próprios alunos definir com base em sua realidade o que querem aprender. É claro que um modelo assim já seria difícil funcionar em uma sala de aula ideal, com um mestre iluminado cercado de poucos e brilhantes pupilos. Nas salas de aula da realidade brasileira, é impossível que essa abordagem leniente dê certo. Adverte o doutor em psicologia Fernando Capovilla, da Universidade de São Paulo (USP): 'As aulas construtivistas frequentemente caem no vazio e privam o aluno de conteúdos relevantes'.
      Um conjunto de pesquisas internacionais chama atenção para o fato de que, em certas disciplinas do ensino básico, o construtivismo pode ser ainda mais danoso – especialmente na fase de alfabetização. Enquanto na pedagogia tradicional (a do bê-á-bá) as crianças são apresentadas às letras do alfabeto e aos seus sons, depois vão formando sílabas até chegar às palavras, os construtivistas suprimem os fonemas e já mostram ao aluno a palavra pronta, sempre associada a uma imagem. A ideia é que, ao ser exposto repetidamente àquela grafia que se refere a um objeto conhecido, ele acabe por assimilá-la, como que por osmose. De acordo com a mais completa compilação de estudos já feita sobre o tema, consolidada pelo departamento de educação americano, os estudantes submetidos a esse método de alfabetização têm se saído pior do que os que são ensinados pelo sistema tradicional. Foi com base em tal constatação que a Inglaterra, a França e os Estados Unidos abandonaram de vez o construtivismo nessa etapa. O departamento de educação americano também o contraindicou para o ensino da matemática – isso depois de uma sucessão de maus indicadores na sala de aula.
      O construtivismo ganhou força na pedagogia durante a década de 70, época em que textos de Piaget e de alguns de seus seguidores, como o psicólogo russo Lev Vygotsky (1896-1934), vários dos quais traduzidos para o inglês, foram descobertos nas universidades americanas. Foi a partir daí que a corrente se disseminou por escolas dos Estados Unidos e da Europa. No Brasil, virou moda. Uma década mais tarde, porém, tal corrente começaria a ser gradativamente abandonada nos países que a adotaram pioneiramente. Os responsáveis pelo sistema educacional daqueles países chegaram a uma mesma conclusão: a de que a adoção de uma filosofia que não se traduzia em um método claro de ensino deixava os professores perdidos, deteriorando o desempenho dos alunos. Hoje, são poucos os países ainda entusiastas do construtivismo. Entre eles estão todos os de pior desempenho nas avaliações internacionais de educação. Com seis de cada dez crianças brasileiras entregues a escolas que se dizem adeptas do construtivismo, é de exigir que diretores, professores, pais e autoridades de educação entendam como se atolaram nesse pântano e tenham um plano de como sair dele."

      BORTOLOTI, Marcelo. Salto no escuro. Veja. São Paulo, Abril, nº 2164, 12 maio 2010.


      quinta-feira, 6 de maio de 2010

      Em latim

      Outra dúvida de outra aluna: como escreve-se "eu te amo" em latim?
      O verbo em latim é "amare" e é conjugado, na voz ativa do presente do indicativo, da seguinte forma:

      ama
      amas
      amat
      amamus
      amatis
      amart

      Assim, "eu te amo" é pura e simplesmente amo te ou, se preferir, ego amo te. Fácil!

      BERINGELA OU BERINJELA?

      Em minhas aulas de ortografia para a 3ª série, comentei a grafia da palavra berinjela. Assim, com "j". No entanto, semanas depois, uma jovem aluna mostrou-me um exercício da apostila de língua portuguesa com a forma beringela. Com "g". A grafia era dada como correta.
      A questão é que não está, embora alguns dicionaristas abonem a forma.
      Por quê?
      Em primeiro lugar, porque as palavra de origem árabe são grafadas com "j". É o caso de "alforje" e "alfanje". E é também o caso de "berinjela", que, aliás, grafa-se badanjanah em árabe. Pode-se até argumentar que a palavra aportou em terras brasileiras via espanhol. Não muda nada. Nesta língua, temos berenjena. Também com "j".
      Em segundo lugar, para aqueles que não se convenceram da explicação anterior, o Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa (VOLP), editado pela Academia Brasileira de Letras,e que tem status de lei, opta pela forma berinjela.
      Portanto, mesmo que os dicionaristas tenham lá suas razões (que não tenho o interesse de expor aqui), não tem choro nem vela: a palavra deve ser escrita com a letra J!

      segunda-feira, 3 de maio de 2010

      Que foto...

      Senhor Texto...

      Meninas fáceis


      E AÍ, leitor de 15 anos? Diga-me cá uma coisa: é verdade que as meninas hoje transam muito? Quantas já deram em cima de você, fazendo você se sentir um frouxo se "não comparecer" quando ela quiser?
      Atenção terapeutas de plantão: não me venham dizer que as meninas hoje em dia "evoluíram" e que querem meninos sensíveis, porque, para elas, meninos sensíveis só são bons para tirar sarro. E que fiquem fora da cama delas. Ou seria fora do carro delas? E aí, leitora de 40 anos, você acha esse papo muito vulgar?
      Sinto muito, as meninas "evoluíram" e agora são senhoras dos seus desejos e isso basicamente quer dizer: são fáceis. Quer saber? Acho uma hipocrisia ficar lamentando que as meninas estejam transando por aí. Todo esse estardalhaço com relação "as pulseiras do sexo" é puro blá-blá-blá. Se as meninas estão transando por aí, é porque dissemos a elas que isso é legal, não?
      Vejamos. Mas, antes, um reparo.
      Repito o que já disse: não acredito que se faça melhor sexo hoje em dia, acho sim que hoje existe muito marketing, muito papo furado, muita mulher sozinha que se veste pra si mesma num ritual macabro de vaidade e... muita gente brocha.
      A chamada "revolução do desejo" serve para ganhar dinheiro com publicidade, livros de sexo chique e para aumentar a sensação, em seres humanos reais, de que todo mundo está transando menos você.
      Mães de 50 anos se deliciam em vender a imagem de si mesmas como máquinas de sexo. Na realidade, no silêncio de seu quarto escuro, são umas invejosas, que queriam ser como suas filhas: mulheres fáceis.
      Professoras inseguras com seus corpos cansados, atônitas com a inutilidade última de toda sua inteligência diante da chacina que é a vida cotidiana, invejam as suas alunas deliciosas que desfilam pernas e seios por aí, dançando a dança do acasalamento. Sim, deveriam tê-las avisado que a vida se repete exatamente naquilo em que ela é miserável: medo, inveja, baixa autoestima e abandono.
      Cursos chiques trabalham o corpo para que ele seja fácil de manipular na cama, no carro, no banheiro.
      Teorias psicológicas e filosóficas empacotam a vontade de ser fácil em papel de presente fingindo que existe mesmo uma coisa chamada "sexo revolucionário". E aí, quando os padres fazem sexo com meninos, os revolucionários de meia pataca põem o rabo entre as pernas e se escondem porque não têm coragem de enfrentar o horror do sexo "livre".
      Não existe sexo livre, existe apenas sexo sem amor.
      Comédias de TV idealizam mulheres urbanas que transam assim como quem corre em esteiras aeróbicas (ou seriam "anaeróbicas"?), calculando o "tamanho" de seus homens, se gabando, assim como homens boçais, da quantidade de vezes que gozam.
      Músicas nas festas das escolas e nos aniversários de crianças cantam a banalidade dos gestos sexuais, fixando os olhos vazados das meninas no desejo de crescer o bastante para serem fáceis. Programas infantis ensinam a vulgaridade como forma de liberdade corporal na frente das câmeras. Programas "teens" de TV elevam ao grau de guru quem transa aos dez anos, contanto que use camisinha. Pedagogas, sob o signo de preparar para a vida, barateiam os corpos das meninas ensinando sexo fácil como se fosse sexo seguro.
      Salvem as baleias, as focas, o verde, o planeta, os "baby monkeys", mas transem fácil.
      A forma como o aborto é tratado (todo mundo é a favor, menos os "tolinhos") é prova de como o sexo e as meninas são artigo vendido às dúzias nas feiras de periferia. É isso aí: mulher fácil é mulher barata. Tem mais mulher do que homem no mundo (não estou seguro dessa informação, mas todo mundo diz que sim, principalmente as mulheres solitárias) e, com a liberação delas, o preço ainda caiu mais. A melhor coisa que existe para um cara que quer uma mulher barata é que ela pague suas contas.
      Alguém precisa parar de mentir e avisar para essas meninas que a vida é uma chacina cotidiana. Que o envelhecimento chega sem que você espere, que o mundo fica repetitivo com o tempo, que as pessoas ficam previsíveis e que sexo fácil é sempre sexo sem amor. Avisem a elas que o amor é raro, difícil, caro, duro de encontrar, morre fácil, porque é sempre mal-adaptado num ambiente mais afeito a baratas do que a seres humanos.
      Enfim, que uma das lutas contínuas da civilização é contra a indiferença porque homens e mulheres não são especiais e existem às dúzias por aí, a gargalhadas, como bonecos de cera sem graça. 
       
      PONDÉ, Luiz Felipe. Folha de S. Paulo, 3/5/2010.