quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

Palavras andantes

Janelas sobre um homem de êxito

Não pode olhar a lua sem calcular a distância.
Não pode olhar a árvore sem calcular a lenha.
Não pode olhar um quadro sem calcular o prego.
Não pode olhar um cardápio sem calcular as calorias.
Não pode olhar um homem sem calcular a vantagem.
Não pode olhar a mulher sem calcular o risco.

(Eduardo Galeano – “As Palavras Andantes”)

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

Utilidade

Em minhas aulas, sempre perguntava aos alunos sobre a utilidade da Literatura. Ora, por que tudo tem de servir para alguma coisa?! Trata-se de uma visão bem utilitarista, pragmática mesmo. Sinal dos nossos tempos capitalistas. A Literatura existe porque é bela, porque encanta, fascina, ensina a viver e a ler o mundo, ué. E isso já é muita coisa!
Foi do que me lembrei ao ler um muito bem escrito perfil de um matemático na revista piauí de janeiro. A certa altura, diz-se o seguinte:

"Para a maioria das pessoas, a utilidade da matemática parece óbvia: pontes, projeções econômicas, algoritmos de computador. Boa parte dos matemáticos acha essas aplicações desinterssantes. 'O que serve para a vida é banal e chato", disse Hardy, num livrinho clássico de 1940 intitulado Em defesa de um matemático. 'A matemática que pode ser usada para tarefas comuns pelo homem comum é desprezível, e aquele que serve aos economistas e sociólogos nem serviria como critério para conceder uma bolsa de estudos a um estudante de matemática", escreveu. "A verdadeira matemática dos verdadeiros matemáticos, a matemática de Fermat, Euler, Gauss, Abel e Riemann, é quase toda ela inútil."

terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

Mulheres são como maças


"As melhores mulheres pertencem aos homens mais atrevidos,
mulheres são como maçãs em árvores.
As melhores estão no topo,
os homens não querem alcançar essas boas,
porque eles têm medo de cair e se machucar.
Preferem pegar as maçãs podres que ficam no chão,
que não são boas como as do topo,
mas são fáceis de se conseguir.
Assim as maçãs no topo pensam que algo está errado com elas, quando na verdade,
ELES estão errados...
Elas têm que esperar um pouco para o homem certo chegar...
Aquele que é valente o bastante para escalar até o topo da árvore.

Machado de Assis

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

Revista "Veja": 10 fev. 2010

Prestígio zero

Pesquisa mostra que os bons alunos não querem
mais seguir o magistério - um desastre para o ensino


Um bom termômetro para aferir o prestígio de uma profissão é o número de jovens que a assinalam como primeira opção na hora do vestibular. Por esse medidor, a carreira de professor, que décadas atrás foi um símbolo de status, nunca esteve tão em baixa. Uma nova pesquisa, conduzida pela Fundação Carlos Chagas a pedido da Fundação Victor Civita, chama atenção para o problema, trazendo à luz um dado preocupante: às vésperas de ingressarem na universidade, apenas 2% dos estudantes brasileiros pretendem seguir o magistério - opção que os outros 98% já descartaram. No levantamento, baseado numa amostra de 1 500 alunos de ensino médio em escolas públicas e particulares de todo o país, o curso de pedagogia patina na 36ª colocação, entre as sessenta carreiras que hoje mais exercem fascínio sobre os jovens - lista encabeçada pelas áreas de direito, engenharia e medicina. Agrava o cenário saber que esses poucos que ainda optam pela docência se concentram justamente no grupo dos 30% de alunos com as piores notas na escola. Pouco disputado, o curso de pedagogia significa, para a imensa maioria dos estudantes, a única porta de entrada possível para o ensino superior - e não uma carreira de que realmente gostam. Conclui a especialista Bernardete Gatti, coordenadora da pesquisa: "Sem atrair as melhores cabeças para as faculdades de pedagogia, o Brasil jamais conseguirá deixar as últimas colocações nos rankings de ensino".

A situação de desprestígio da carreira de professor é o retrato final de um processo deflagrado na década de 70, quando se iniciou no país uma acelerada massificação do ensino público. Sem profissionais em número suficiente para suprir a galopante demanda, as escolas passaram a recrutar até leigos para dar aulas. Foi aí também que as faculdades de pedagogia e as licenciaturas proliferaram à revelia da qualidade acadêmica, e os salários começaram a cair. A remuneração dos professores é, por sinal, o segundo fator elencado pelos jovens de hoje para nem sequer cogitarem o magistério, atrás de um item que se refere à completa falta de identificação com o ofício, segundo mostra a pesquisa da Fundação Carlos Chagas. Os estudantes contam ainda que são desencorajados pelos próprios pais de fazer essa opção. Boa parte dos entrevistados chega a afirmar que a família "jamais aceitaria tal escolha profissional".

Países onde o ensino prima pela excelência, como Coreia do Sul e Finlândia, encontraram bons caminhos para atrair os alunos mais brilhantes às faculdades de pedagogia - experiência que pode ser útil também ao Brasil. Ela indica que elevar o salário dos professores é apenas uma das estratégias eficazes, mas não a de maior impacto. O que realmente suscita o fascínio dos melhores alunos pela docência diz respeito, acima de tudo, à possibilidade descortinada pela carreira de verem seu talento reconhecido e sua capacidade intelectual estimulada. Nesse sentido, distinguir os profissionais de melhor desempenho em sala de aula, com iniciativas como bônus no salário e mais responsabilidade na escola, tem sido, há décadas, um potente motor de atração para a carreira de professor mundo afora. O Brasil precisa aprender a lição.

Ita 2010

Ótima a charge da proposta de redação!