quinta-feira, 24 de abril de 2008

Cenas de um shopping

CENA 1: Já havia visto esse velhinho na Praça de Alimentação do shopping. É a cara do Jaguar. Cartunista e boêmio. Um dos mitos cariocas. Todo mundo diz que, quando ele morrer, irão doar o fígado dele pra ciência.
Mas, bem... Eu falava do velhinho... Longilíneo (nunca pensei que usaria essa palavra na vida), barba branca... Usava uns óculos escuros que... hum... como eu vou falar? Os óculos dele eram óculos "rabo-de-peixe". Como o daqueles cadillacs antigos que levam esse nome. É um tipo de óculos que só vemos em filmes dos anos 50 ou nessas festinhas de formatura, quando distribuem esse tipo de coisa entre os convidados.
Ele estava sentado, tomando um café, todo sorridente, com um garoto que, certamente, era o seu neto.
Três garotinhas passaram por eles. Começaram a rir.
Tadinhas.
Eu gostaria de ser um velhinho assim.
Um velho de olhos com barbatanas. Tomando café com o filho do seu filho. Sem me importar com o que as pessoas pensam de mim para ser feliz.

***

CENA 2: Fui assistir ao filme "Super-heróis" (fazer o que, eu precisava ocupar o tempo até chegar a hora de pegar meu ônibus. Era o que tava a mão, pô!).
Fundo do poço intelectual.
E o pior era que a cópia era dublada!
Mas não vamos falar dos meus pecadilhos (significa pecado pequeno, leitor!) cinematográficos. Quero falar do que se passou durante a projeção.
À minha esquerda, estava a maior criançada, devidamente acompanhada dos pais.
A garotinha que sentou-se ao meu lado - pude ouvir - chamava-se Yasmin. Devia ter uns 9 anos.
Em certo momento do filme, um sargento de polícia disse:
- Nós não precisamos de super-heróis. Nossa cidade precisa de mais policiais. E de um BORDEL!
O menino que estava sentado junto a ela e que deveria ter a mesma idade perguntou:
- Que que ele disse?
A Yasmin respondeu:
- Que a cidade precisa de mais QUARTEL!

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