sexta-feira, 29 de abril de 2011

O amor e o ódio


"As paixões do coração humano, como as divide e numera Aristóteles, são onze; mas, todas elas se reduzem a duas capitais, amor e ódio. E estes dois afetos cegos são os dois pólos em que se resolve o mundo, por isso tão mal governado.
Eles são os que pesam os merecimentos; eles os que qualificam as ações; eles os que avaliam as prendas; eles os que repartem as fortunas.
Eles são os que enfeitam ou decompõem; eles os que fazem ou aniquilam; eles os que pintam ou despintam os objetos, dando e tirando a seu arbítrio, a cor, a medida e ainda o mesmo ser e substância, sem outra distinção ou juízo que aborrecer ou amar.
Se os olhos veem com amor, o corvo é branco; se, com ódio, o cisne é negro. Se, com amor, o demônio é formoso; se, com ódio, o anjo é feio. Se, com amor, o pigmeu é gigante; se, com ódio, o gigante é pigmeu. Se, com amor, o que não é tem de ser; se, com ódio, o que tem de ser e é bem que seja, não é nem será jamais."

Pe. Antônio Vieira

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