domingo, 31 de maio de 2009

Fim de semana no teatro

Aproveitei esse fim de semana pra assistir a duas peças. A primeira é:


Autor de Quem Tem Medo de Virginia Woolf?, o dramaturgo americano é provocador. Nessa tragicomédia, a melhor montagem de 2008, ele descarta os valores morais. Dirigidos por Jô Soares, José Wilker e Denise Del Vecchio interpretam o casal Martin e Stella. Felizes e cúmplices, eles vivem em harmonia com o filho gay (Gustavo Machado) e têm a admiração dos amigos. Tamanha estabilidade desmorona quando Martin encontra uma amante: Sylvia, a cabra! Entre o absurdo e a tragédia, o espetáculo transforma riso em inquietação e traz referências a pedofilia, zoofilia e incesto. E está aí o principal mérito do texto: expor a perda da razão.

A segunda:

Inspirada em personagens dos contos de fada, a montagem mostra como a dupla de diretores consegue atingir a superação a partir da originalidade. No musical, o destino de Amélia (Alessandra Maestrini) se cruza com o de outras seis mulheres. Trocada por uma jovem mais bela, a protagonista procura uma cartomante (Zezé Motta) e inicia uma jornada para recuperar seu amor em sete dias. Num cinzento Rio de Janeiro, a história é costurada por dezoito músicas compostas por Ed Motta e com letras de Botelho. Subvertendo o gênero, a peça privilegia o texto e, numa encenação soturna, desconstrói com ironia as conhecidas narrativas infantis. Entre seis instrumentistas e um coro de cinco vozes, ainda sobressaem as performances de Suzana Faini, Alessandra Verney e Rogéria.

Livre?

Estudos põem em xeque noção de livre-arbítrio
HÉLIO SCHWARTSMAN

A pesquisa de Huettel é mais uma a pôr em xeque a noção de livre-arbítrio. A pergunta fundamental é: somos livres para agir como queremos? As implicações da resposta nada têm de trivial. Se nossas ações são determinadas, seja por interações físico-biológicas, seja por um Deus, como responsabilizar alguém por seus atos? A justiça é possível?
Num experimento seminal dos anos 80, Benjamin Libet, da Universidade da Califórnia, plugou seus alunos a aparelhos de eletroencefalograma e demonstrou que a atividade cerebral que possibilita movimentos voluntários tem início cerca de 300 milissegundos antes da decisão consciente de mexer um braço ou uma perna.
A partir daí, neurocientistas de diversas linhagens desenvolveram testes semelhantes, corroborando os resultados de Libet. Michael Platt e Paul Glimcher, da Universidade de Nova York, mostraram que algo parecido ocorre até com macacos.
Hoje a neurociência é mais ou menos unânime em afirmar que o livre-arbítrio é uma ilusão, a exemplo da consciência, a qual, embora não passe de um efeito colateral de vários sistemas cerebrais ligados em rede, nos leva genuinamente a crer na balela cartesiana de que um "minieu" incorpóreo (uma alma) está no comando.
O livre-arbítrio seria, sob a visão de certos filósofos e neurocientistas, algo como um tique nervoso ou a necessidade que o viciado tem de conseguir droga -processos a meio caminho entre o involuntário e o voluntário.
Boa notícia para advogados, que podem regozijar-se com a perspectiva de novas e mais extravagantes estratégias de defesa. Se nada pode ser qualificado como inapelavelmente voluntário, é a própria noção de crime doloso que cai por terra.
Isso significa que não há justiça possível? Talvez não. Alguns viciados superam sua compulsão. Se, por um lado, o farmacodependente quer a droga (desejo de 1º grau); por outro, ele sabe que o vício lhe faz mal e planeja livrar-se dele (desejo de 2º grau).
O livre-arbítrio pode assim ser descrito como um poder de veto dos desejos de 2º grau sobre os de 1º.
Tentando resgatar a noção de responsabilidade, o filósofo Daniel Dennett propõe uma versão mitigada de livre-arbítrio: nós temos o poder de veto e o poder de veto sobre o veto, além de noções de causalidade que nos permitem projetar o futuro e calcular consequências.
Talvez não baste para salvar uma noção de justiça absoluta, mas serve para que a sociedade siga funcionando.

Folha de S. Paulo, 28/5/09.

sábado, 16 de maio de 2009

sexta-feira, 1 de maio de 2009

43 melhores filmes do século XXI

A revista Monet divulgou uma lista com os melhores filmes do Século XXI, escolhidos por nomes como Dustin Hoffman, Michael C. Hall, Patrícia Pillar, Fernando Meirelles, Hector Babenco e José Padilha. Daí, resolvi fazer a minha própria. Saíram 43 filmes. Só tentei não ser muito óbvio e não me preocupei muito com a ordem cronológica.

1. Cidade de Deus;
2. Fale com ela;
3. Dogville;
4. O senhor dos anéis;
5. Brilho eterno de uma mente sem lembranças;
6. Apenas uma vez;
7. Na natureza selvagem;
8. Juno;
9. Vênus;
10. As invasões bárbaras;
11. Menina de ouro;
12. Sobre meninos e lobos;
13. Batman - cavaleiro das trevas;
14. Kill Bill vol. 1;
15. Encontros e desencontros;
16. 21 gramas;
17. Closer - perto demais;
18. Antes do pôr-do-sol;
19. Lúcia e o sexo;
20. Minha vida sem mim;
21. Histórias proibidas;
22. O filho da noiva;
23. A estranha família de Igby;
24. Balzac e a costureirinha chinesa;
25. Secretária;
26. Terra de sonhos;
27. Adeus, Lênin!;
28. O agente da estação;
29. O amor custa caro;
30. Primavera, verão, outono, inverno... e primavera;
31. Mar adentro;
32. Mar de fogo;
33. O lenhador;
34. Garota da vitrine;
35. Houve uma vez dois verões;
36. Uma vida iluminada;
37. Pecados íntimos;
38. 300;
39. Homem-aranha;
40. Dúvida;
41. Homem de ferro;
42. Sete vidas;
43. Wall.E.